quinta-feira, 24 de abril de 2008

CANTIGA DE ABRIL

CANTIGA DE ABRIL
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste país,
a conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raiz.
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Qual cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Essa paz do cemitério
toda prisão e censura,
e o poder feito galdério,
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua
com força que não recua,
a verdade mais veraz.
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Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
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Jorge de Sena
Publicado por A.David

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