Tinha fome, pálpebras baixas
Tapando as janelas da alma.
A cabeça atirada para trás
Desafiando o mundo
E a sua fome.
As mãos esgravatando
Em seus bolsos.
Um sorriso iluminou
Sua face.
Uma… moeda!
Sentou-se na esplanada
Com o à vontade de quem o faz
Todos os dias da sua vida.
Tirou com um safanão
Os cambos sapatos
Também eles famintos e sedentos.
Espalmou os pés contra
A frescura do empedrado,
Espreguiçou os seus dedos
Gozando feliz a sua liberdade.
Pediu um café
De golo em golo, saboreou-o,
Gozou o seu paladar
Sentindo o líquido escorrer
Da língua até à garganta.
Sentiu-se um ser especial.
Imaginou-se a falar,
Eram deuses, eram fadas,
Eram abraços, eram ternuras.
Sentiu-se envolto em asas,
Anteviu casas, sonhos,
Amantes… vida.
As rugas curtidas
Pelas soalheiras
Estremeceram, abriram-se
Num amplo sorriso
De satisfação resignada.
Poema de autoria da Zizi
Passou Um Ano
Há 16 anos
1 comentário:
É mais um poema à imagem da Zizi - simples, falando-nos da realidade da vida, com o à vontade e desprendimento que lhe é peculiar, sempre atenta ao que a rodeia, e tal como eu, pronta a participar.
Valham-nas as Zizis deste mundo, porque os outros,sem rasgo, nem acção, simplesmente acabam por morrer de pasmo.
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