quinta-feira, 3 de janeiro de 2008


Abílio de Guerra Junqueiro (1850-1923)

Natural de Freixo de Espada à Cinta, em Trás-os-Montes, frequenta a Faculdade de Teologia (1866-1868) formando-se em Direito (1868-1873). Foi jornalista, escritor, e o mais popular poeta da sua época representante da «Escola Nova». Através da poesia ajudou a criar o ambiente revolucionário, que conduziu à implantação da República.
A sua carreira literária é iniciada em Coimbra no jornal A Folha, do seu amigo João Penha, onde cria relações de amizade com alguns dos melhores escritores e poetas do seu tempo conhecidos pela «Geração de 70».
Em 1875 dirige, com Guilherme de Azevedo, a revista Lanterna Mágica (onde surge a célebre caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, o «Zé Povinho»). Em 1876 é nomeado secretário-geral dos governos-civis de Angra do Heroísmo e, depois, de Viana do Castelo. Em 1879 filia-se no Partido Progressista, monárquico, que na altura estava na oposição, sendo eleito deputado por Macedo de Cavaleiros.
Em 1880 é eleito deputado pelo círculo de Quelimane (Moçambique). Em 1888 constitui-se o grupo dos Vencidos da Vida, de que Junqueiro também faz parte. Dois anos depois alia-se ao Partido Republicano e ao movimento de protesto contra a monarquia, desencadeado pelo Ultimato inglês. Implantada a República, ocupa, entre 1911 e 1914, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal na Suíça.
Servindo-se dos seus dotes oratórios escreve entre outras três obras polémicas. A Pátria (1869) em que ataca a dinastia de Bragança, na figura de D. Carlos I, A Morte de D. João (1874) expondo os males sociais face à decadência nacional, e outra violenta sátira, desta vez contra o clero à qual chamou A Velhice do Padre Eterno (1885). Guerra Junqueiro publica ainda, ao longo da sua vida, Oração ao Pão (1902), Oração à Luz (1904) e Poesias Dispersas (1920), para além das obras já referidas. Após a sua morte, surgiu Horas de Combate (1924), que reúne os seus discursos políticos.
Em sua memória foi construída no Porto a Casa-Museu Guerra Junqueiro com todos os objectos que terá coleccionado ao longo da vida, além de um enorme espólio literário. No pequeno jardim em frente ao Museu, podemos admirar uma escultura em bronze do Mestre Leopoldo d’Almeida, datada de 1970, que imortaliza o poeta.

Teresa Nesler – trabalho de pesquisa

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