domingo, 8 de abril de 2007

ATÉ QUANDO SEREMOS PORTUGUESES?

A História de um País nunca poderá ser corrigida. Não foi como gostaríamos que ela tivesse sido, nem podem ser reescritos ou emendados os erros que, pensamos, um dia tenham existido, como, tampouco, nos podemos deixar viver na contemplação e deleite das glórias de um dia ou de uma época.Mas se nos debruçarmos com atenção sobre a nossa História verificaremos que foi nos momentos mais trágicos que nos soubemos superar, lançando pontes e escadas para outros empreendimentos e novas horizontes. Foi assim que, depois de Aljubarrota, surgiram as conquistas do Norte de África, e a Epopeia das Descobertas, projectando um poder fora da Península onde só séculos depois foi conquistado o Reino de Granada.Neste tempo em que a História encerra um dos seus grandes capítulos, e o Estado Nação esteja talvez inexoravelmente ameaçado ou mesmo terminado, arrojando nas areias, que viram partir as caravelas e chegar os contentores, a vaga alta da incerteza e da descrença, neste tempo de vésperas da celebração de mais um Dez de Junho, talvez valha a pena fazermos uma reflexão serena sobre o futuro da nossa Pátria.Restam-nos o idioma e a cultura e mais uns palmos de terra para desenvolver. É esta a herança que poderemos deixar aos que nos sucederem.Portanto, teremos de apostar nos vectores que nos tornem mais capazes por sermos mais sabedores. Teremos de fazer guerra a quantos querem adulterar e exterminar uma língua como é a nossa, por má fé, pretensioso modernismo, inevitabilidade histórica ou até por pura e arrogante ignorância. Vemos exemplos, por desgraça cada vez mais frequentes, nas escolas, nos órgãos da dita comunicação social, com especial relevância para a televisão. Teremos de ter sempre presente que ainda hoje somos a terceira língua mais falada do mundo e, ao mesmo tempo, guardar memória de que o idioma francês, a língua da diplomacia do século XIX, é hoje a quarta no mundo global em que vivemos.Teremos também, de estudar o que foi a nossa História secular, e estar urgentemente preparados para vencer a iliteracia, a ignorância, a esperteza saloia que, infelizmente, por aqui campeiam e, outros, quantos, entendem esta coisa do patriotismo como uma ideia retrógrada e reaccionária.Teremos de gritar que muito mais importante que os negócios é esta Cultura que nos une.A não ser assim, sem pena nem remédio, como um dia disse o Vate, iremos cair, cada dia, cada mês e cada ano mais, nos domínios da irrelevância.
Alberto David

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