Viagem no tempo – Partimos cedo, logo ao raiar da manhã. Após visita ao Palácio de Queluz, que de deteriorado já não reluz, nem cintila, esperava-nos o Lugar dos Sabores, no Largo da Feira em Sintra, além da minha irmã Matilde, que morando à esquina nos tinha recomendado o restaurante. O nome faz plenamente jus a este inovador conceito culinário, que passa pela proposta de paladares alternativos, reconhecidamente muito mais saudáveis. Lá dentro, ou na esplanada, o Sérgio e a sua família proporcionaram-nos uma diversidade de pratos, através de uma gastronomia equilibrada a um preçário acessível, cuja combinação foi no mínimo feliz.
Dali pusemo-nos serra acima, e guiados por João Rocha, amavelmente cedido pela Câmara Municipal de Sintra, deixámo-nos levar às cegas, à procura da Maria Eduarda. A grandiosidade do cenário fez-nos logo sentir pequenos à partida, e a ligação à natureza, e a luz que se tornava difusa ao longo da caminhada, pareciam congregar todas as dúvidas. Estaria ela na Lawrence? No Nunes, ou em qualquer outro lugar? A incerteza persistia no meio daquela visão idílica, em que só as palavras, e os gestos do guia rompiam o silêncio da investigação, por vezes retardando-nos o passo. E continuaríamos o trajecto até Seteais, sem nunca dar de caras com ela.
Quantos luares eu lá vi?
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Que doces manhãs d’Abril?
E os dias que saltei ali
Não foram sete mas mil!
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O que é certo é que as nossas buscas ainda hoje continuam, e irão para sempre perdurar. A procura do Carlos Maia confunde-se com as nossas próprias interrogações, no sentido a dar ao cosmos, e na incessante busca do Amor antecipando roçar-lhe por perto, ouvir-lhe o sussurrar da voz, vislumbrar-lhe os olhos, ou simplesmente o transcender. Já no sopé, o tempo de adquirir queijadas mal sobrou, e tinha chegado a hora de encararmos um motorista menos bem-humorado, que nos trouxesse a casa. Também ele ao longo da vida se deve ter desencontrado da Mª Eduarda, e para cúmulo da frustração até a Concha, e a Lolita lhe devem ter escapado. Ah sorte maldita, ao contrário de mim, naquela tarde ele não tinha sonhado com os pés bem assentes na terra, nem se tinha deixado fascinar pela imagem cristalina daquela original aula ao ar livre, tão repleta de magia. Bem-haja professora Cristina, pela memorável experiência. Lá do cume do penedo, o Eça certamente sorri, orgulhando-se de si.
Recta final – Houve quem faltasse, como forma de protesto, mas eu estive lá! O local era uma sala ampla, num 4º piso com vista panorâmica, dum hotel de 4 estrelas. O pretexto era o selar de um ciclo. Ausentes eram muitos, e dos presentes a colega Lídia era decididamente de todos a mais chique! Tanto o arroz de pato, como o bacalhau com natas estavam deliciosos, e das variedades que se lhes seguiram o auge de sucesso foi sem dúvidas o excelente desempenho da professora Telma. Acompanhada de um parceiro, executou com exactidão e elegância diversos ritmos de danças de salão, transmitindo desejos em cada passo coreográfico, e multiplicando emoções em perfeita coordenação. Apaixonante e sensual, ganhou adeptos, que quase aposto não lhe irão faltar nas aulas do próximo ano! Dos breves discursos finais destacaria apenas o elogio ao colega David, pelo blog da sua autoria, do qual foi um prazer colaborar desde a 1ª hora. Até que enfim! Já na última assembleia tinha feito uma tentativa para que constasse da acta, mas na altura caiu-me o Carmo e a Trindade em cima, por não ser o local apropriado (!?), acabando por ter de o fazer mais tarde, neste mesmo sítio. A homenagem é merecidíssima, e apenas peca por tardia. Também teria gostado, que nos tivessem surpreendido com algo completamente inovador. Com quê exactamente? Perguntar-me-ão os menos atentos. Talvez algumas ideias sobre o próximo ano lectivo, só para dar um exemplo! Pois é, parece que ainda não foi desta, mas talvez numa próxima nos levantem um pouco do véu!
Até logo – Satisfazendo o convite do David, e mobilizada por algum desencanto, ao longo de vários meses colaborei de uma forma regular, com vários fragmentos de escrita através de 12 crónicas opinativas, dois trabalhos de pesquisa, e de um projecto direccionado ao futuro. Este esforço pessoal divertiu-me muito mais do que eu poderia imaginar, no entanto motivos pessoais impedem-me de manter o ritmo, obrigando-me a uma pausa. Aos meus fãs por esse mundo fora fica a promessa de regressar, com um novo plano, que ninguém vai querer perder! Até lá, tal como o outro, também eu vou andar por aí. Por agora fica o apelo do costume, e já sabe, chegou a hora de nos falar também da sua própria realidade em:
o seu espaço da palavra, som, e muito, muito movimento!
Teresa Nesler