quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

1ª Aula prática de "Etiquetas e Boas Maneiras"



Na passada quinta-feira dia 26 do corrente pelas 17H00 decorreu a 1ª aula prática desta
disciplina nas instalações da UATI, num abiente de grande requinte e animação.
A Professora Idalécia Rodrigues e seus alunos estão de parabéns.

Elementos cedidos para publicação por Helena Oliveira e publicados por:
Alberto David

ONU cria Dia 27 Janeiro como o dia Mundial do Holocausto


A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou nesta terça-feira uma resolução instituindo 27 de janeiro como o Dia Mundial da Lembrança do Holocausto.
A data é uma homenagem aos seis milhões de judeus e às outras vítimas da exterminação nazista.
Vários países, incluindo Grã-Bretanha, Itália e Alemanha, já consideram 27 de janeiro o dia da memória das vítimas do Holocausto porque foi nessa data, em 1945, que os soviéticos liberaram o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia.
A resolução, proposta por Israel, foi co-patrocinada por outros 104 países e aprovada por consenso (sem necessidade de votação).

O texto da resolução rejeita qualquer questionamento de que o Holocausto foi um evento histórico, enfatiza o dever dos Estados-membros de educar futuras gerações sobre os horrores do genocídio e condena todas as manifestações de intolerância ou violência baseadas em origem étnica ou crença.
O embaixador israelense na ONU, Dan Gillerman, comemorou a aprovação por aclamação, dizendo se tratar de "um momento histórico e único".

Trajes e Costumes Portugueses

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Je sais de Jean Gabin

Mots pour quoi ?

Tertúlia 26 Janeiro de 2008

Na tertúlia de 26 de Janeiro de 2008, que se realizará às 15h, será apresentado o livro de conto infantil de Marta Cirne “Porto Cão Campeão” da Papiro editora de Maio de 2006.
Por se tratar de literatura infantil, convida-se as telurianas a fazerem-se acompanhar dos seus filhos menores ou dos seu netos.
Espera-se que venham munidos dos seus poemas.
Contamos convosco para que a tertúlia seja um acto de todos nós porque as pessoas são imprecíndiveis.
Saudações telurianas
Zizi

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

FOTOGRAFIA DA SEMANA


Foto enviada por Frau Alves

domingo, 20 de janeiro de 2008

DIAS CONTADOS XIV

Resistir ao tempo - Atenta ao fenómeno, tornei a lá voltar. Como eu, fizeram-no outros, empenhados em ouvir o que sobre ele se dizia. A escolha perfeita, num espaço de intervenção em que a partilha do conhecimento nos alarga as visões. Claro que nestas alturas a contribuição dos mais velhos é sempre duma importância vital, quer na sua transmissão de conhecimentos, ou nas suas formas de abordar o alvo da discussão. E aqui a elite urbana desempenhou o seu papel. Depois, Eça fez o resto, porque é intemporal. Fê-lo ao retratar o país em tons escuros, quando a pátria parece não apresentar solução, abrindo a interessante discussão sobre como nos olhamos, e os outros nos olham. Tudo isto ao mesmo tempo que contra o cinzentismo da prosa, cortando com a tradição, cria uma língua, revolucionando-a por completo. E o adjectivo é apenas um exemplo demonstrativo da marca do génio. Se assim não tivesse acontecido, ainda hoje falaríamos um português vernáculo. Há ainda o seu traço satírico, que encontramos em figuras estereotipas, inspiradas naquela época, que surpreendentemente, ou talvez não, se projectam para os dias de hoje. Quem diria?!

Travessia oceânica – Em breve romperei o ciclo, através de um ponto de passagem absolutamente obrigatório. Às vezes é necessário olhar para outro tipo de realidade, e assim, por umas semanas vou deixar de ouvir falar em TGV, ou aeroportos, do País que se joga em Lisboa, ou do BCP, quando o que estará em causa será somente o poder. Mas o verdadeiro, porque aqui tudo não passa duma brincadeira. Afinal o mundo é um palco, e tudo se resume a uma encenação. E eu irei espreitar bastidores, jogos de estratégia, e tácticas eleitorais, para sustentar uma opinião através de novas descobertas, de outras sensibilidades, e interpretações muito mais longínquas. Mas, separados por milhares de quilómetros, como que por magia, estarei arredada, embora aqui!? Agora é a sua vez de esboçar raciocínios, e de exprimir todo o seu eu. Torne-se irreverente e provocador, e sobretudo sensível aos temas que nos tocam, que podem marcar a diferença neste espaço imenso, em que há um sítio para todos, sem se ocupar o lugar de ninguém em:
www.uatialbufeira.blogspot.com – onde as palavras têm um potencial ilimitado, e nos prolongam para além do que somos! Hasta la vista!

Teresa Nesler

HABITA NOS MEUS SONHOS PAZ

Sonhos que foram gravados
A ouro na imaginação.
Sonhos que são estimados,
Sonhos que despertam paixão...
Na vida quase tudo passei,
Sonhos belos, sonhos risonhos,
Habita paz nos meus sonhos,
Sonhos que não esquecerei,
Sonhos lindos, mas agitados.
De sonhos fui forasteiro,
Sonhos de Inverno, Janeiro,
Nossos corpos entrelaçados…
Sonhos que ultrapassam a voz,
Memórias, sonhos vividos.
Sonhos por ventura perdidos,
Deixam rasto dentro de nós…

Albufeira, 22 de Junho de 2001
Poema de António Henrique

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Nova proposta literária

Na próxima aula de literatura a ter lugar na 2ª feira 21 de Janeiro às 18,15h, estudaremos Teixeira de Pascoaes. Volto a deixar a biografia de mais um escritor, para novamente lhes reavivar a memória, fazendo o apelo para que uma vez mais compareçam.

Teixeira de Pascoaes (1877 – 1952)

Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, de seu nome verdadeiro, nasceu em Gatão, Amarante, no norte de Portugal, em 1877.
Em 1883, começa a colaborar no jornal A For do Tâmega, com poesias líricas e satíricas. Publica também o seu primeiro livro, Embriões, rejeitado mais tarde pelo poeta.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerce depois advocacia, por um curto período de tempo.
Em 1911, com Jaime Cortesão, Leonardo Coimbra e outros intelectuais, funda o grupo Renascença Portuguesa e dirige, entre 1912 e 1916, a parte literária da revista A Águia, tornada então no órgão daquele movimento.
Em 1913, abandonou a carreira judicial e fixou-se em Gatão, no solar de Pascoaes, a casa da infância que inspirou a escolha do nome do poeta. O seu isolamento não o impediu, contudo, de continuar a actividade literária e de intervenção cultural, dando expressão particular a uma tendência que ficou conhecida na literatura portuguesa como «saudosismo». Por ela o homem–poeta entende o mundo como "uma eterna recordação", percebendo a realidade como evocadora de uma outra realidade mais real que aquela. O conhecimento poético é simultaneamente estético, metafísico e ontológico: estético porque o que lhe é próprio se conhece pelo sentimento, metafísico e ontológico porque o seu horizonte é o da verdade que manifesta um carácter transcendente. Faleceu em 1952.

Poeta

Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.

Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.

Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.

Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.

Teixeira de Pascoaes
Sempre (1898)

Teresa Nesler – Trabalho de pesquisa

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Revisitando EÇA DE QUEIROZ

"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

Eça de Queirós , 1871

O ENSINO: NÍVEIS DE EXIGÊNCIA?


“Professor sou-o por fatalidade. Mas alguma coisa se me impõe na avidez dos alunos que me escutam, na necessidade de responder à sua descoberta do mundo – e assim me invento o professor que não sou, e eles imaginam em verdade o que é em mim só ficção.”
Vergílio Ferreira, 18/04/1977

A intenção do professor proporcionar ao aluno uma visão do Mundo pluriperspectivada no tempo e no espaço surge não só com as leituras de obras de valor literário, mas também com a preocupação de se atender à inclusão de manifestações reais, empíricas que se interliguem a essas leituras.
Paula Cristina Sousa, 13/05/2004

O nível de exigência nas Escolas Portuguesas tem sofrido muitas alterações nos últimos tempos. Eu própria, enquanto Professora de Português e de Latim, verifico que, nos nossos dias, a minha exigência para com o ensino/aprendizagem dos meus alunos é menor relativamente há dez anos atrás, quando ingressei na docência. E uma outra constatação também surge: os alunos de hoje apresentam muito menos conhecimentos do que os de ontem.
Uma pergunta se me impõe: haverá razões pedagógico-didácticas que justifiquem uma tal diferença? Ou é tudo uma questão de política educativa e de estatísticas nacionais? As questões ficam em forma de pergunta retórica.
Outro aspecto interessa relevar: o que entendemos por exigência?
O professor tem, por obrigação, de cumprir o programa da disciplina, o qual está regulamentado nacionalmente. Por outro lado, deve preocupar-se em conduzir o aluno a uma aprendizagem que cause divertimento; deve, em atenção às ‘boas práticas pedagógicas’, usar meios diversificados para ensinar (audiobooks, plataforma moodle, quadros interactivos, powerpoint, filmes, música) – tudo isto ao serviço da motivação do aluno. É claro que a motivação é um aspecto fulcral em qualquer equipa de trabalho. Porém, é necessário que haja equilíbrio, a fim de que as muitas estratégias não obscureçam o papel do professor e tampouco prejudiquem a exigência, o nível de aprendizagem e a transmissão de conhecimentos/ saberes.
Oprofessor deve saber a matéria (preparação científica), deve planificar as aulas, deve saber ensinar, deve propiciar o desenvolvimento humano e intelectual dos seus alunos e não preocupar-se somente – como se tem vindo a verificar nos últimos tempos – em elaborar, “arranjar” e preencher grelhas e mais grelhas ..., que muitas vezes nem contemplam a equidade e a humanidade que deve existir na avaliação.

Paula Cristina Sousa - Professora de Literatura

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

La Casa de Bernarda Alba, Frederico Garcia Lorca

La Casa de Bernarda Alba, obra de teatro em três actos, escrita em 1936 por um dos mais vanguardistas dramaturgos espanhóis. Esta obra, por alguns considerada tragédia e por outros drama (aqui até se aproxima do hibridismo de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett), corresponde ao culminar de um longo processo evolutivo do dramaturgo, desde o Modernismo até ao Vanguardismo, e deste até à sua fase de plenitude na escrita.
Da análise efectuada, parece-nos mais um drama, até porque o subtítulo “Drama de mujeres en los pueblos de España” assim o define. Por outro lado, há aqui um misto de comédia, entendendo-se a mesma por um misto de comicidade, de crítica e denúncia da sociedade. O autor baseia-se em figuras reais e utiliza um realismo linguístico – características próprias do drama – ao colocar na boca das personagens, como Poncia, expressões cómicas, de cariz popular e que se enraízam mais propriamente nas gentes andaluzas.
Como sabemos, esta obra faz parte de uma trilogia onde encaixam Bodas de Sangre e Yerma e mostra um conjunto de personagens femininas que aspiram ao sentimento e ao amor. As protagonistas lutam e revoltam-se contra o mundo das convenções e hipocrisias que dominam as suas vidas. Para contrariar tal modus de vida, escolhem como única alternativa a pobreza espiritual, o desespero, a morte.
Coincidimos, após a leitura da obra nestes pontos:
- La Casa de Bernarda Alba é a representação da vida anormal de uma família andaluza;
- Cada obra de Lorca deve ver-se como uma distinta manifestação artística;
- O teatro de Lorca tem um selo pessoal inconfundível que radica na variedade de estilos usados.
- Vale muito a pena ler esta e outras obras de F. García Lorca.
Professora de Literatura Cristina Sousa

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

FOTO DA SEMANA


Enviada por: Frau Alves

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O Mendigo

Tinha fome, pálpebras baixas
Tapando as janelas da alma.
A cabeça atirada para trás
Desafiando o mundo
E a sua fome.

As mãos esgravatando
Em seus bolsos.
Um sorriso iluminou
Sua face.
Uma… moeda!

Sentou-se na esplanada
Com o à vontade de quem o faz
Todos os dias da sua vida.

Tirou com um safanão
Os cambos sapatos
Também eles famintos e sedentos.
Espalmou os pés contra
A frescura do empedrado,
Espreguiçou os seus dedos
Gozando feliz a sua liberdade.

Pediu um café
De golo em golo, saboreou-o,
Gozou o seu paladar
Sentindo o líquido escorrer
Da língua até à garganta.
Sentiu-se um ser especial.

Imaginou-se a falar,
Eram deuses, eram fadas,
Eram abraços, eram ternuras.

Sentiu-se envolto em asas,
Anteviu casas, sonhos,
Amantes… vida.

As rugas curtidas
Pelas soalheiras
Estremeceram, abriram-se
Num amplo sorriso
De satisfação resignada.

Poema de autoria da Zizi

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Proposta Literária

Com o intuito de ajudar o grupo de literatura a reavivar a memória, recolhemos uma série de breves informações biográficas, dos autores Guerra Junqueiro, António Nobre, e Camilo Pessanha, para melhor estarmos preparados na próxima aula, a ter lugar na 2ª feira 7 de Janeiro às 18,15h, com a sempre fantástica professora Cristina. Até lá preparem-se, e por favor não faltem!

Abílio de Guerra Junqueiro (1850-1923)

Natural de Freixo de Espada à Cinta, em Trás-os-Montes, frequenta a Faculdade de Teologia (1866-1868) formando-se em Direito (1868-1873). Foi jornalista, escritor, e o mais popular poeta da sua época representante da «Escola Nova». Através da poesia ajudou a criar o ambiente revolucionário, que conduziu à implantação da República.
A sua carreira literária é iniciada em Coimbra no jornal A Folha, do seu amigo João Penha, onde cria relações de amizade com alguns dos melhores escritores e poetas do seu tempo conhecidos pela «Geração de 70».
Em 1875 dirige, com Guilherme de Azevedo, a revista Lanterna Mágica (onde surge a célebre caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, o «Zé Povinho»). Em 1876 é nomeado secretário-geral dos governos-civis de Angra do Heroísmo e, depois, de Viana do Castelo. Em 1879 filia-se no Partido Progressista, monárquico, que na altura estava na oposição, sendo eleito deputado por Macedo de Cavaleiros.
Em 1880 é eleito deputado pelo círculo de Quelimane (Moçambique). Em 1888 constitui-se o grupo dos Vencidos da Vida, de que Junqueiro também faz parte. Dois anos depois alia-se ao Partido Republicano e ao movimento de protesto contra a monarquia, desencadeado pelo Ultimato inglês. Implantada a República, ocupa, entre 1911 e 1914, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal na Suíça.
Servindo-se dos seus dotes oratórios escreve entre outras três obras polémicas. A Pátria (1869) em que ataca a dinastia de Bragança, na figura de D. Carlos I, A Morte de D. João (1874) expondo os males sociais face à decadência nacional, e outra violenta sátira, desta vez contra o clero à qual chamou A Velhice do Padre Eterno (1885). Guerra Junqueiro publica ainda, ao longo da sua vida, Oração ao Pão (1902), Oração à Luz (1904) e Poesias Dispersas (1920), para além das obras já referidas. Após a sua morte, surgiu Horas de Combate (1924), que reúne os seus discursos políticos.
Em sua memória foi construída no Porto a Casa-Museu Guerra Junqueiro com todos os objectos que terá coleccionado ao longo da vida, além de um enorme espólio literário. No pequeno jardim em frente ao Museu, podemos admirar uma escultura em bronze do Mestre Leopoldo d’Almeida, datada de 1970, que imortaliza o poeta.

Teresa Nesler – trabalho de pesquisa
António Nobre (1867-1900)

António Nobre nasce no Porto em 1867, matriculando-se em 1888 no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Como os estudos lhe corressem mal, parte para Paris onde frequenta a Escola Livre de Ciências Políticas, licenciando-se em Ciências Jurídicas.
Durante a sua permanência em França familiariza-se com as novas tendências da poesia do seu tempo, aderindo ao simbolismo. É também em Paris que contacta com Eça de Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreve a maior parte dos poemas que viriam a constituir a colectânea Só, que publicaria naquela cidade em1892. Este livro seria a sua única obra publicada em vida, constituindo um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Inserido entre as correntes românticas, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios), é um livro de lamentação e nostalgia, temperado pela auto-ironia.
De regresso a Portugal, tenta entrar na carreira diplomática, mas a tuberculose impede-o. Doente, ocupa o resto dos seus dias em viagens a procurar remédio para o seu mal, da Suíça à Madeira, acabando por falecer ainda muito novo na Foz do Douro.

Teresa Nesler – trabalho de pesquisa


Camilo Pessanha (1867 – 1926)

Pessanha nasce em Coimbra em 1867, no ano da morte de Baudelaire, que, dez anos antes, com a sua "teoria das correspondências", havia lançado as bases do simbolismo francês na obra Les Fleurs du Mal. Em 1883 inicia os seus estudos em Direito, na Universidade do Coimbra, onde vem a tomar contacto com as novas ideias literárias, originárias de França, com expressão nas revistas Boémia Nova e Os Insubmissos. Datam dessa época os seus primeiros trabalhos literários, de pouca repercussão. Em 1890 António Nobre, Alberto de Oliveira, Júlio e Raul Brandão formam no Porto o grupo dos "Nefelibatas", ao qual Eugénio de Castro (que publica nesse ano Oaristos, introduzindo o Simbolismo, como escola, em Portugal) e Pessanha aderem momentaneamente. Já então Pessanha (de constituição física débil, por natureza) se ressentia dos anos de boémia vividos em Coimbra, onde o absinto era a sua bebida favorita e onde várias crises nervosas o haviam abatido.
Desiludido, procura uma nova vida no Oriente, para onde concorre a uma vaga de professor no Liceu de Macau onde acaba por ser colocado em 1894. Aí torna-se, durante três anos, companheiro de Wenceslau de Moraes exercendo as actividades de conservador do Registo Predial (1900), e juiz. É lá também que ganha o gosto pelo coleccionismo de objectos raros, e pelo estudo de literatura e língua chinesa. É na China que Camilo Pessanha passa os seus últimos dias acabando por morrer vítima de tuberculose pulmonar. A sua farta barba torna-se cada vez maior e desgrenhada; a sua magreza, cada vez mais mórbida; e o seu vício pelo ópio, cada vez mais forte. Os seus anos finais são certamente marcados pela obscuridade, e pela decadência moral.
Camilo Pessanha soube expor o seu drama pessoal de uma forma pouco convencional, que, certamente, terá seduzido os seus contemporâneos e as gerações posteriores. Nos seus versos Clepsidra ilustra de uma forma perfeita o quadro que vislumbra: "Eu vi a luz de um país perdido. / A minha alma é lânguida e inerme. / Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído! / No chão sumir-se, como faz um verme...". Nesse poema, "Inscrição", vêem-se, perdidos, um país (Portugal) e o poeta (Camilo Pessanha) que canta a decaída pátria.

Teresa Nesler – trabalho de pesquisa